Dançar é uma forma deliciosa de
conhecer alguém. É íntimo, mas seguro. Se você não gosta da impressão que tem
do parceiro de dança, é perfeitamente aceitável experimentar outro. Da mesma
maneira, podemos conhecer mais quem somos quando nos dispomos a dançar com
aquela parte de nós da qual normalmente fugimos, o componente da psique humana
que os psicólogos chamam de nossa “sombra” ou lado “escuro”.
Parece sinistro, mas nosso lado de
sombra só é escuro porque nunca acendemos a luz ali. Se acendêssemos, poderíamos
ver talentos negligenciados e sonhos abandonados, além de uma diversidade de
coisas que nossos pais desaprovavam. Poderíamos encontrar idéias novas demais,
situações assustadoras demais, e conceitos que eram desafios grandes de mais
para enfrentar no momento em que eles surgiram. Eficientemente enviadas para o
nosso lado escuro, essas coisas o transformam num reservatório de poder
aprisionado e de promessas... poder e promessas que você pode resgatar para
criar sua vida encantada. No entanto, o fato de sufocar esses terrores e
tesouros durante anos no mesmo compartimento mental faz com que a idéia de
olhar para eles se transforme num projeto apavorante.
“Victoria
Moran teve uma experiência arquitetônica do chamado lado escuro, quando ela e
seu marido encontraram uma maravilhosa casa antiga, adoraram os cômodos, mas
tinha um porão que poderia ter sido desenhado por Henrique VIII, era úmido,
escuro e sujo. Entre os entulhos encontraram um jornal de 1918... prova de que
poucas almas corajosas tinham se aventurado naquele buraco desde o armistício.
Seu
marido ficou pensativo...Sabe, podíamos transformar isso aqui em um salão de
recreação...secar tudo, raspar a tinta velha, pintar as paredes e o teto de
branco, os canos de cores fortes. Podemos por uma quadra de basquete aqui e uma
área de ginástica deste lado, a TV lá, uma mesa de jogo encostada naquela
parede...
Dois
meses de trabalho e cinquenta e quatro litros de tinta transformaram aquele
calabouço na sala mais alegre e popular da casa “.
Como
aquele porão árido, nossa sombra pode parecer feia à primeira vista, mas existe
um tremendo potencial latente em todos os riscos que não corremos, e em todas
as aventuras que não tivemos coragem de viver. Eles estão esperando dentro de nós
para serem descobertos e transformados...ou para escurecer e se desmanchar como
jornais velhos.
O que você
tem escondido aí no escuro? Um talento artístico que algum professor um dia
disse que “não chegaria a lugar nenhum?” O sonho de uma viagem a Roma que seu
primeiro salário a convenceu de que não podia pagar, e que não valia a pena de
qualquer modo?
Ponha uma
música para tocar e finja que dança com sua sombra. Considere o que estava
escondido lá. Toque, mas não chegue perto de mais. Isso é apenas uma dança, não
um casamento. Você está conhecendo uma parte de você que era uma estranha até
este momento.
Deve ir
devagar.
Quando
estiver à vontade com seu lado escuro, passará a operar como um ser humano mais
completo. Seu lado ensolarado não terá de administrar tudo sozinho.
Terá o
apoio e o estímulo de um parceiro forte e fascinante. E nessa dança é sempre
você que conduz.
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